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A mãe de todos os outros pecados

Primeiramente, observem que a incredulidade pode ser chamada, e com justiça, a mãe de todos os outros pecados. De fato, não há crime que ela não possa engendrar. A ela deve ser imputada, em grande parte, a culpa pela queda de nossos pais. “O quê?” – pergunta o tentador à Eva – “Deus disse para vocês não comerem de toda a árvore do jardim?” Ele insinua habilmente uma dúvida em sua alma – “Seria correto lhes fazer uma restrição como essa?” parece lhe dizer.

A incredulidade foi como a parte mais afiada da lâmina mortal que Satanás introduziu no coração de Eva; foi ela quem abriu passagem à curiosidade, à cobiça e a todo tipo de maldades pensadas. E desde o dia, nunca suficientemente lamentado, quando o pecado entrou no mundo, e pelo pecado a morte, quem poderia contar as iniquidades sem número às quais a incredulidade deu origem? Todo incrédulo é capaz de cometer o mais negro dos crimes que jamais tenha poluído a terra.

A incredulidade, meus irmãos, foi ela que endureceu o coração de Faraó, ela que descontrolou a língua de Rabsaquê, ela que tornou-se deicida e crucificou o Rei da Glória! Não é a incredulidade que, a cada dia, ainda afia a faca do suicida, prepara a taça envenenada, conduz à prisão milhares de criminosos, e faz descer à tumba ignominiosa o pecador contumaz que se lança ao encontro de seu Juiz, com as mãos ainda tintas de sangue?

Aponte-me um homem incrédulo; me assegurem de que ele despreza a Palavra de Deus, que ele não deposita fé nem em suas promessas, nem nas suas ameaças; e postas estas premissas, eu não temeria concluir que, a menos que um poder preventivo extraordinário seja exercido sobre esse homem, algum dia ele será culpado dos excessos mais vergonhosos.

A incredulidade é o Belzebu dos pecados; como o príncipe dos demônios, ela não anda só; mas quando ela penetra no coração, traz sempre em seguida um longo cortejo de maus espíritos. Nela encontramos o germe de todos os vícios, a semente de toda a iniquidade; em resumo, não há nada mais odioso, mais vil, mais degradante no mundo, que não esteja incluído nesta única palavra: incredulidade.

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