
Letra:
Uzá estendeu a mão ligeira,
a Arca do Santo ia tombar…
“É zelo!” — pensou sua alma soberba,
mas não quis ouvir, só quis emendar.
O Deus que habita em luz inacessível
não precisa do braço do frágil mortal.
O gesto foi culto, porém proibido,
e a morte caiu do trono eternal.
Santo é o Senhor — tremendo em glória,
não há quem O toque sem purificação.
Calem-se reis, curvem-se os sábios,
pois fogo consome o que é profanação.
Zelo sem lei é sombra de orgulho,
e a mão atrevida colhe perdição.
Num carro de bois puseram a Arca,
esquecendo os varais da instrução.
A ordem de outrora fora ignorada,
a pressa venceu a submissão.
Uzá tocou no que era sagrado,
fez-se guardião do que é divino.
Mas Deus não consente o gesto ousado,
nem reparte o trono com clandestinos.
Uzá tombou, sem tempo de clamar,
a mão que ergueu não pôde recuar.
Nem todo serviço é reverência,
nem toda obra é obediência.
O zelo dos homens, sem luz da Palavra,
é fogo estranho que a ira lavra.
Santo é o Senhor — tremendo em glória,
não há quem O toque sem purificação.
Calem-se reis, curvem-se os sábios,
pois fogo consome o que é profanação.
Zelo sem lei é sombra de orgulho,
e a mão atrevida colhe perdição.